FILOSOFEAR

amanheceu... levantei e aprontei-me como de costume quando lá fora no entanto senti algo que há um tempo me fazia falta mexendo os dedos da mão sentia como se houvesse uma fina película entre eles que os separava de uma forma suave em meus braços nus podia sentir os pelos se movendo com o vento sentia meus lábios unificados como um corte que cicatriza ao respirar podia perceber o ar por todo caminho até meus pulmões sentia o calor do meu próprio corpo a cada piscar de olhos meu corpo inteiro vibrava suavemente degustei cada sensação deste curto momento como se fosse única

Um segundo? Dois? Um minuto? Por quanto tempo olhamos para o ceu por dia? Por quanto tempo deixamos nossa rotina para olhar para o céu? Por quanto tempo esquecemos dos nossos problemas? Quantas vezes percebemos o ar entrando em nossos pulmoes? Quantas vezes respiramos profundamente? Quando foi a ultima vez que ouvimos o vento? Quando foi a ultima vez que ouvimos nossos passos? Quando foi que ouvimos nossa própria respiração? Quanto tempo de cada dia você passa observando as estrelas? Quantas vezes já parou para observar as estrelas? Quando foi a ultima vez que observou as estrelas? Quanto de nosso tempo usamos para existir apenas? O que nos tira tanto a atenção, que esquecemos de observar Tantas coisas à nossa volta?

Eu tento... mas não consigo. Não consigo acreditar cegamente em “verdades” incompletas. Não consigo aceitar o “C” como certo, sem conhecer o “D” Não acredito em tudo que me dizem... ...nem duvido tampouco. Vejo as pessoas e sua fé. Vejo como se dedicam cegamente a sua “verdade” ignorando tudo - à sua volta - que não se encaixe em suas crenças a estes eu pergunto: Como saber se está errado se você não se permite a dúvida? Não posso aceitar totalmente o que não é totalmente verdade! Assim vou caminhando sem rumo, sem acreditar em nada, mas sem nada ignorar. Quão bom seria, se pudesse conhecer uma "verdade" pura e real, sem falhas e sem motivos para dúvida. Quão bom seria obter respostas que não gerassem mais perguntas!

a questão não é se DEVEMOS ACREDITAR . é a busca pela informação, a busca pela verdade. a questão é sobre nossa forma de repudiar a tudo que contraria nossas ideias, como se fôssemos donos da verdade absoluta e irrefutável. não podemos simplesmente ESQUECER DIFAMAR CONDENAR AMALDIÇOAR REPUDIAR como sempre fazemos quanto a tudo que é novo. a questão é que NÃO PODEMOS IGNORAR A DÚVIDA!

Olho nas ruas e vejo Pessoas que vem e vão apressadas Vejo um senhor pensativo no banco da praça Vejo o menino brincando com uma bola Vejo garotos discutindo e se empurrando Vejo uma menina correndo com seu cachorro Eu olho nas ruas.... ... e só vejo máquinas.

Através dos tempos Viemos matando nossos gênios Ridicularizando nossos pensadores Coagindo nossos idealistas Destruindo o poder e a sabedoria Queimando mulheres pelo "crime" de pensar As mulheres "bruxas" que arderam em chamas no passado Ainda são queimadas até hoje em nossas mentes Sem nenhum remorso ou compaixão Perguntamo-nos onde estão os milagres E quando alguém faz algo assim Atiramos à queima roupa Tenho medo! O tempo passou E os que queimaram pessoas vivas Sobreviveram e contaram a história À sua maneira.

Pior que duvidar de tudo. É fingir acreditar cegamente em algo que nos inspira dúvidas. Mais difícil é, aceitar uma ideia Quando esta desafia nossa ideologia. Pior que buscar uma verdade que talvez não exista É não buscar nada. Mais difícil que descobrir a verdade, É aprender a ignorá-la para continuar vivendo.